A emergência de um novo modo de pensar a materialidade – que reclama para si aspetos subjetivos e imateriais – permite problematizar o quotidiano escolar a partir de perspetivas diferentes daquelas que tradicionalmente têm sido adotadas pelos historiadores. Isto é, permite desafiar os binómios no interior dos quais estes constroem os seus objetos, os analisam, problematizam e compreendem. A presente comunicação explora esta possibilidade a partir da análise de um artigo publicado em 1937 por um grupo de alunos no seu jornal escolar. O objetivo é perceber o modo como nele se articulam diversos aspetos da materialidade e como o historiador os pode considerar no estudo das narrativas dos estudantes em geral e das excursões escolares em particular. A ideia é abraçar a hibridez da publicação numa análise capaz de tomar a narrativa como um todo plural. No interior deste exercício torna-se possível pensar o ofício do historiador na medida em que este é convidado não apenas focar-se naquilo que lhe é dado a ver e a perceber, mas também admitir a possibilidade de que o que o impacta enquanto leitor faz igualmente parte da compreensão do seu material empírico.